Entre tantas incertezas desses últimos meses, algo não deixa de brotar dentro do peito: a saudade do mar e de ficar mais pertinho da natureza. Sentar na areia pra admirar as ondas quebrando, enquanto o cabelo dança ao som do vento, é uma falta que tenho sentido mais a cada dia.
E então, revelar o filme da câmera analógica (que estava guardado há mais de um ano), com a Lab 8, e receber esses registros por e-mail foi como ganhar pequenos pixels de esperança em uma tarde – de lockdown – de domingo.
[para fazer essas fotos, usei a Olympus Trip 35 e o filme Kodak ColorPlus 200, na praia de Ponta Grossa, em Icapuí (CE)]:
Tenho tentado trazer à memória o que me dá esperança, e as imagens e palavras estão me ajudando com isso. :’) Contar histórias e relembrar as singelezas da vida são algumas das preciosidades mais lindas que a fotografia faz, e isso me inspira a buscar a beleza do passar do tempo e fazer mais registros. Prometo tentar e compartilhá-los por aqui.
Agora, pra finalizar esse post, deixo uma poesia de Cecília Meireles. Espero que esses versos lhe toquem, com ternura, também.
Sou entre flor e nuvem, estrela e mar. Por que havemos de ser unicamente humanos, limitados em chorar? Não encontro caminhos fáceis de andar. Meu rosto vário desorienta as firmes pedras que não sabem de água e de ar. E por isso levito. É bom deixar um pouco de ternura e encanto indiferente de herança em cada lugar. Rastro de flor e de estrela, nuvem e mar. Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido: a sombra é que vai devagar.
Obrigada, de verdade, pela sua companhia. Se cuida e até logo!