saudade pixelada
lugares, pessoal

saudade pixelada

abr, 05 2021
registro saudoso de janeiro de 2020, antes da pandemia

Entre tantas incertezas desses últimos meses, algo não deixa de brotar dentro do peito: a saudade do mar e de ficar mais pertinho da natureza. Sentar na areia pra admirar as ondas quebrando, enquanto o cabelo dança ao som do vento, é uma falta que tenho sentido mais a cada dia.

E então, revelar o filme da câmera analógica (que estava guardado há mais de um ano), com a Lab 8, e receber esses registros por e-mail foi como ganhar pequenos pixels de esperança em uma tarde – de lockdown – de domingo.

[para fazer essas fotos, usei a Olympus Trip 35 e o filme Kodak ColorPlus 200, na praia de Ponta Grossa, em Icapuí (CE)]:

essa foto me trouxe uma sensação tão boa: deu até pra ouvir o barulhinho que a água faz quando a gente caminha na beira do mar <3
além do mar e do meio do mato, minha outra maior saudade também tem nome: Rodrigo :’)
tentei registrar um dos casais que passou o ano novo de 2020 com a gente, Vitória e Txai
eu ainda não conhecia Icapuí, mas as paisagens naturais e cores de lá são algumas das mais lindas que já pude ver
lembranças de um dia bom (não sei descrever a emoção e o quentinho no coração que senti ao ver essas imagens)
finzinho de tarde ou aquela hora que o céu se pinta de mar e os dois bailam uma valsa até o escurecer

Tenho tentado trazer à memória o que me dá esperança, e as imagens e palavras estão me ajudando com isso. :’) Contar histórias e relembrar as singelezas da vida são algumas das preciosidades mais lindas que a fotografia faz, e isso me inspira a buscar a beleza do passar do tempo e fazer mais registros. Prometo tentar e compartilhá-los por aqui.

Agora, pra finalizar esse post, deixo uma poesia de Cecília Meireles. Espero que esses versos lhe toquem, com ternura, também.

Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar.
Por que havemos de ser unicamente humanos, 
limitados em chorar?

Não encontro caminhos
fáceis de andar.
Meu rosto vário desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar.

E por isso levito.
É bom deixar
um pouco de ternura e encanto indiferente
de herança em cada lugar.

Rastro de flor e de estrela,
nuvem e mar.
Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido:
a sombra é que vai devagar.

Obrigada, de verdade, pela sua companhia. Se cuida e até logo!

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